sábado, 3 de dezembro de 2016

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A morte é uma filha da puta . 
É o que me ocorre dizer. Não há palavras politicamente corretas quando nos tiram o chão .  Não há frases feitas que nos limpem as lágrimas . Para isso há lenços . Não há poesia que nos impeça de sentir . Não há solução para essa senhora . A morte ! 
Deve ser a gaja mais antiga que se conhece . Deve ser do tempo da profissão mais velha do mundo . A morte é uma puta ! Impotência assenta como uma luva . É o que se sente . A morte corta-nos as asas . As pernas , os braços . E dilacera-nos a alma . Sentimos um nó na garganta , daqueles que não se desfazem . Daqueles que só os marinheiros sabem fazer . E navegamos entre lágrimas salgadas num navio à deriva . Sem
Ancora que nos prenda ao porto . Sem bússola para seguir caminho. E o coração ?! 
Esse vai batendo numa cadência própria ... veste a capa preta e limita -se a bater para sobreviver . É o que fazemos nestas alturas . Não vivemos, sobrevivemos ! Respiramos para não morrer e cada suspiro que damos é um beijo para o céu ! 
A morte é puta ! A morte é uma grandessíssima   filha da puta !