quinta-feira, 19 de abril de 2012

Se por acaso (me vires por aí)



Se por acaso me vires por aí
Disfarça, finge não ver
Diz que não pode ser, diz que morri
Num acidente qualquer
Conta o quanto quiseste fazer
Exalta a tua versão
Depois suspira e diz que esquecer
É a tua profissão

E ouve-se ao fundo uma linda canção
De paz e amor


Se por acaso me vires por aí
Vamos tomar um café
Diz qualquer coisa, telefona, enfim
Eu ainda moro na Sé
Encaixotei uns papeis e não sei
Se hei-de deitar tudo fora
Tenho uma série de cartas para ti
Todas de uma tal de Dora

E ouvem-se ao fundo canções tão banais
De paz e amor


Se eu por acaso te vir por aí
Passo sem sequer te ver
Naturalmente que já te esqueci
E tenho mais que fazer
Quero que saibas que cago no amor
Acho que fui sempre assim
Espero que encontres tudo o que quiseres
E vás para longe de mim

E ouve-se ao fundo uma velha canção
De paz e amor


Na sexta-feira acho que te vi
À frente da Brasileira
Era na certa o teu fato azul
E a pasta em tons de madeira
O Tó talvez queira te conhecer
Nunca falei mal de ti
A vida passa e era bom saber
Que estás em forma e feliz

E ouve-se ao fundo uma triste canção
De paz e amor

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Já não há Heróis


Entre as palavras 
E os espaços 
que se criam entre elas. 
Entre os silêncios 
De conversas tidas, 
Idas, 
Passadas, 
Vividas, 
Pressentidas, 
Conseguidas. 
Inacabadas? 
E o burburinho 
Dos sentimentos 
Que voltam 
E se instalam 
Entre as letras 
Proferidas 
Sentidas 
Partilhadas 
Sussurradas 
Ao ouvido... 
Que não matam, 
Não machucam, 
Que não doem, 
Apenas moem... 
Entre o caos da alegria 
E a paz da memória. 
Que volta, 
Vai voltando 
A espaços. 
Com intervalos 
cada vez maiores. 
Entre isso tudo 
Passou uma vida 
Vivida, 
Sentida, 
Planeada, 
Ocasional. 
Parte dela quero eu dizer. 
Embora curta ainda há muito para viver! 
E descobrir. 
Persistir, 
Insistir, 
Tentar não errar, 
Viver, 
Sentir, 
Amar, 
Ter, 
Ir ao céu, 
Por lá ficar, 
Planar, 
Não cair. 
Está-se tão bem entre as nuvens! 
Entre o querer e o conseguir. 
Entre o ter e o sonhar. 
Entre o ir e o querer ficar. 
Entre o ser e o voar, 
Há uma ponte 
Difícil de atravessar. 
Há sempre solução! 
Sabes nadar? 
O teu fôlego aguenta de uma margem à outra? 
Já alguma vez testaste a tua resistência? 
O querer muito ... 
O ambicionar... 
Já te fizeram testar os teus limites? 
És capaz? 
Terás coragem? 
Ousadia de passar a limpo 
o rascunho 
que a tua vida foi 
até hoje? 
Até agora. 
Até este preciso instante 
Em que lês estas linhas. 
A vida é 
demasiado curta 
para rascunhos, 
vive-a como se 
não houvesse amanhã. 
Porque 
se não o fizeres 
Ninguém morre, 
Mas... 
amanhã... 
Sim amanhã, 
O dia depois de hoje, 
Como eu dizia... 
amanhã pode ser tarde demais. 
Pretendes o quê? 
A perfeição não existe. 
Existem momentos perfeitos. 
É como a felicidade , 
é-nos servida 
em doses pequenas. 
Assim 
não há perigo de indigestão. 
Congestão. 
Convulsão. 
Resignação, 
Habituação. 
Chama-lhe o que quiseres, 
Que eu não me lembro 
de nada que rime. 
Valoriza as pequenas coisas, 
aquelas que fazem 
do anexo 
o nexo. 
Aquelas 
que são 
o contrapeso. 
Aquelas 
que marcam a diferença, 
por mais insignificantes 
que nos pareçam. 
Uma grande construção 
começa com um pequeno buraco, 
onde serão firmados 
os alicerces. 
Sem o buraco 
há risco de ruir... 
sem bases 
nada é estavél. 
Por isso aproveita 
o que a vida te oferece 
e sorri. 
Vive, 
Aproveita , 
Arrisca, 
Sorri, 
Ri, 
Chora se preciso for. 
Caí as vezes que forem precisas. 
Levanta-te, 
Começa de novo. 
Erra, 
Acerta, 
Voa, 
Rasteja, 
Corre, 
Salta , 
Sê feliz. 
Não condiciones sentimentos 
Nem valores. 
Nunca fiques 
com a eterna duvida 
do " se " 
Conjuga os verbos 
no presente 
E não no futuro. 
Não projectes 
os teus sonhos 
para amanhã. 
Constrói-os hoje. 
Porque hoje estás vivo! 
Amanhã não sabes!