quinta-feira, 12 de abril de 2012

Já não há Heróis


Entre as palavras 
E os espaços 
que se criam entre elas. 
Entre os silêncios 
De conversas tidas, 
Idas, 
Passadas, 
Vividas, 
Pressentidas, 
Conseguidas. 
Inacabadas? 
E o burburinho 
Dos sentimentos 
Que voltam 
E se instalam 
Entre as letras 
Proferidas 
Sentidas 
Partilhadas 
Sussurradas 
Ao ouvido... 
Que não matam, 
Não machucam, 
Que não doem, 
Apenas moem... 
Entre o caos da alegria 
E a paz da memória. 
Que volta, 
Vai voltando 
A espaços. 
Com intervalos 
cada vez maiores. 
Entre isso tudo 
Passou uma vida 
Vivida, 
Sentida, 
Planeada, 
Ocasional. 
Parte dela quero eu dizer. 
Embora curta ainda há muito para viver! 
E descobrir. 
Persistir, 
Insistir, 
Tentar não errar, 
Viver, 
Sentir, 
Amar, 
Ter, 
Ir ao céu, 
Por lá ficar, 
Planar, 
Não cair. 
Está-se tão bem entre as nuvens! 
Entre o querer e o conseguir. 
Entre o ter e o sonhar. 
Entre o ir e o querer ficar. 
Entre o ser e o voar, 
Há uma ponte 
Difícil de atravessar. 
Há sempre solução! 
Sabes nadar? 
O teu fôlego aguenta de uma margem à outra? 
Já alguma vez testaste a tua resistência? 
O querer muito ... 
O ambicionar... 
Já te fizeram testar os teus limites? 
És capaz? 
Terás coragem? 
Ousadia de passar a limpo 
o rascunho 
que a tua vida foi 
até hoje? 
Até agora. 
Até este preciso instante 
Em que lês estas linhas. 
A vida é 
demasiado curta 
para rascunhos, 
vive-a como se 
não houvesse amanhã. 
Porque 
se não o fizeres 
Ninguém morre, 
Mas... 
amanhã... 
Sim amanhã, 
O dia depois de hoje, 
Como eu dizia... 
amanhã pode ser tarde demais. 
Pretendes o quê? 
A perfeição não existe. 
Existem momentos perfeitos. 
É como a felicidade , 
é-nos servida 
em doses pequenas. 
Assim 
não há perigo de indigestão. 
Congestão. 
Convulsão. 
Resignação, 
Habituação. 
Chama-lhe o que quiseres, 
Que eu não me lembro 
de nada que rime. 
Valoriza as pequenas coisas, 
aquelas que fazem 
do anexo 
o nexo. 
Aquelas 
que são 
o contrapeso. 
Aquelas 
que marcam a diferença, 
por mais insignificantes 
que nos pareçam. 
Uma grande construção 
começa com um pequeno buraco, 
onde serão firmados 
os alicerces. 
Sem o buraco 
há risco de ruir... 
sem bases 
nada é estavél. 
Por isso aproveita 
o que a vida te oferece 
e sorri. 
Vive, 
Aproveita , 
Arrisca, 
Sorri, 
Ri, 
Chora se preciso for. 
Caí as vezes que forem precisas. 
Levanta-te, 
Começa de novo. 
Erra, 
Acerta, 
Voa, 
Rasteja, 
Corre, 
Salta , 
Sê feliz. 
Não condiciones sentimentos 
Nem valores. 
Nunca fiques 
com a eterna duvida 
do " se " 
Conjuga os verbos 
no presente 
E não no futuro. 
Não projectes 
os teus sonhos 
para amanhã. 
Constrói-os hoje. 
Porque hoje estás vivo! 
Amanhã não sabes! 





6 comentários:

  1. Um poema com um ritmo vertiginoso e contagiante
    (aqui e ali suspenso por pausas - semi-breves)
    que prende o leitor, do primeiro ao ultimo verso,
    e que roga uma boa declamação, para assumir uma dimensão ainda superior

    E depois
    o muito (denso e profundo) que o poema diz.

    Gostei muito de ler

    Bjo.

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    1. Obrigada Filipe! Tenho que passar no teu cantinho para actualizar a leitura! Bjs!

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  2. Este poema é simplesmente magnífico.
    Acho que se ancaixaria muito bem numa música do tipo rap /hip hop.
    Beijos, querida amiga.

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  3. Um teste a manter a respiração, este poema que muito diz, a cada nova palavra que se lê. Gostei muito!

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Someone said: